cais do valongo

Desde o descobrimento do cais do valongo na região portuária do Rio de Janeiro por volta de 2011, com as obras urbanas do projeto porto maravilha, sempre senti uma necessidade em conhecer de perto. Um interesse latente que me fez em 2017 viajar até o rio com o objetivo de visitar o Valongo e buscar compreender de perto um pedaço dessa camada histórica.

Construído em 1811, o cais do Valongo foi local de desembarque e comércio de escravos africanos até 1831, com a proibição do tráfico transatlântico de escravos. Durante os vinte anos de sua operação, entre 500 mil e um milhão de escravos desembarcaram no cais. Em 1843, o cais foi reformado para o desembarque da princesa Teresa Cristina, apagando os vestígios monstruosos dos desembarques passados, passando a se chamar cais da Imperatriz.

Em janeiro de 1996, na casa da Rua Pedro Ernesto, número 36, na Gamboa, (atual Instituto dos Pretos Novos) durante reforma da residência do casal Guimarães, pedreiros perceberam que algo mais do que o chão era quebrado, apareciam ossos humanos juntos à terra removida, cada vez que uma pá atingia o solo. 

A região onde está instalada o Instituto dos Pretos Novos, antigo cemitério, era conhecida como pequena África, por nela existir a maior concentração de africanos fora da África. Neste local - que hoje estabelece como sítio arqueológico e histórico - estão depositadas os restos mortais de milhares de africanos ( todos mantidos anônimos) trazidos à força de suas terras de origem para o Brasil. A maioria dos recém chegados ao porto morriam no período de quarentena, outros tantos, em menor quantidade, durante o processo de exploração do trabalho escravo. 

Vários viajantes descreveram, escandalizados, o cemitério dos Pretos Novos e a forma pela qual os escravos eram enterrados. Dados encontrados indicam o sepultamento de cerca de 6.000 corpos em um espaço físico de aproximadamente 110 metros.

Todos aqueles que foram jogados ali, pelo caminho, não tiveram seus rituais de sepultamento respeitados, sendo depositados como lixo. cadáver acima de cadáver.  Parte da fortuna de grandes famílias hoje é herança dessa tragédia humana. 



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