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cine zoológica

A bicharada ficou desconfiada quando percebeu o cavalo entrando na sala  ninguém tinha certeza da procedência. Os olhares o devoravam, julgavam por ser um grande equino. A pata, coitada  com seu bico imenso  fico paralisada quando viu o porco se aproximando se afastou mantendo distância.   A cobra, distante  no canto introspectiva, mas observando tudo aos poucos foi rastejando, interessada no ilustre visitante. O galo que mais parecia um chester  estava pomposo,  a mostra,  tipo um pavão.  O coelho com cara de satisfeito saiu da cabine com dois gatos todos esbranquiçados de tanta farra.  O cachorro,  não parava de latir atrás do lobo que estava interessado nas galinhas, todas fartas.  A mais indesejada acabou de entrar,  a volumosa vaca na orelha, brincos cor de ouro  com o rabo empinado, fazendo a bicharada morrer de inveja me parece que o boi estava à sua espera.  Voltando ao cavalo,  o safado estava aos beijos com a grossa cobra,  serpente esperta,  expelindo seu veneno, ali, a most

passageira

Quase. A pele na distância de milímetros senti a aproximação. O ônibus balançou encostou rapidamente afastou mas senti querer mais o quebra molas salvou encostou de novo,  agora foi a perna. Desviar o olhar o braço roçou o pé aproximou a vontade é de mergulhar.  Na fração de segundos  cada toque pode ser tudo projetei mas não foi nada o sinal tocou não olhou para trás e foi embora.

teato do amanhã - 7 anos

5 de janeiro de 2024. Por uma arte livre das amarras, das ciladas e das entranhas duvidosas da arte.  7 anos de caminhos abertos, riscados, projetados e percorridos. Envelhecendo como vinho na desafiadora coletividade, onde somar é a estratégia.  Vida ao vivo.  Somos continuidade-célula-semente. Uma companhia forjada na rua, de encontros, aglutinando artistas e parceires de diversas áreas, bebendo e dando de beber, construindo experiências que ampliam o espírito, distensionam a retina e atiçam o corpo. 7 anos, 7 vidas, 7 encruzilhadas. 7x7x7x7x7x7… rumo ao 8 de infinito. Presentes na presença.  Saravá TeAto do Amanhã!

carta ao novo ano

  Querido 2023,  que barra em?  Que barra!  Na tentativa de equilíbrio em cima do muro ou na corda bamba, me ralei.  O vírus não foi mais assunto,  A crise não foi mais desculpa, A guerra continua banalizada  E bons ventos ventilam Brasília. Esmurrou doce. Acelera não perde respira corre. 1x, 1.5x ou 2x ?  Entre quereres e a rotina compulsória a vida continua valendo pouco 384,71 o barril de petróleo.  Para alguns,  a morte continua chegando mais cedo,  antes da hora, seja em Gaza, no Congo, ou aqui. Malandramente me esquivo.  O que não mata, fere. O que não fere, engorda como boi tratado para o abate.   A guerra,  a morte banalizada e a violência da desigualdade,  tudo parece se atualizar,  sim krenak, nós não saímos melhores da pandemia, que fossa. Entre ficções afetivas e relacionamentos tronchos  sobraram os amores sem rumo, interrompidos. A graça na desgraça é sobre gargalhar.  O vigésimo quarto chega fervendo  numa segunda-feira  de esú e obaluaiê  o que é pra ser, será sem retor

lá, mas também cá

Na televisão as imagens se multiplicam É tempo de guerra, mas quando não foi?  O conflito é armado,  Mata gente, mata cidade, mata país.  Entre a espada e a espingarda Entre a bomba e o drone  A festa foi interrompida pelo míssil  O bloqueio de água, luz e comida foi imposto Guerra bélica, de confronto direto, do tipo “mata ou mata”  Por quê?  Com seu ego de meio mundo arrastando tudo para o conflito, encontro Netanyahu, Puttin, Biden, Hamas, Macron, Zelensky  e outros homens. Não que mulher não faça guerra, mas até aqui são eles e não elas.  Ucrânia, Síria, Paquistão, Gaza, Israel, Azerbaidjão Tudo se mistura. A paz é tecnologia, nem todos têm Nem nós, nem eles. Mataram 6 da mesma família em Jequié na Bahia Leio a manchete: “Milícia e tráfico disputam a zona oeste do Rio” Gaza também é aqui. 

flor que se cheire

Talvez,  seja seu jeitinho.  Me parece malandro, erroneamente desejo. Um afeto meio troncho  nada ético com seus códigos próprios  fora do meio 0 padrão, um lance. De fora, parece estranho malfeito mas que se equilibra bem meio berlinda. Gosto de ti, mas não gosto das lacunas. Esse jogo de te vejo hoje  e talvez,  quem sabe outro dia. Provocar saudade aumentando a distância. Para quê? Para quem? Não quero  mas fico. Falou que estou mais próximo do coração. Qual? O que pulsa no peito? Não sou flor que se cheire cuidado não me pegue se saia me teste. Quer mesmo? Agora? Talvez quis e não quer? Indeciso? Vai se explicar com o signo? Se decida  ebule seja caricato  explicite.   Se é para ser que seja  ou não?  Tô aqui venha me diga sem disfarce  dá mole não bora?

preta ouro preto

Das montanhas de Minas (Estado mais alto do Brasil)  A colonização fez brotar na marra uma cidade suntuosa, em contraste terrível com a miséria estabelecida pelo genocídio indígena e escravidão africana.  Cidade preta,  Ouro Preto desafia a engenharia moderna,  africanos com suas preciosas tecnologias de construção pariram sua urbanidade sobreposta aos antigos aldeamentos de povos originários.  700 toneladas de ouro saíram de suas minas endinheirando as monarquias europeias. Estupro coletivo. O tempo não linear se estabelece pelas ladeiras da cidade, na ausência de quarteirões, a cada contorno de rua, me conectei com outras caminhadas realizadas, sejam nessa vida ou em outros tempos. Casarões centenários se mantêm de pé, desafiando a materialidade das coisas.  O sete de setembro foi marcado pelos desfiles de bandas da cidade, dos diversos distritos que compõem o município. Nas bandas, era explícito as tonalidades pretas das peles entre os traços miscigenados nos rostos. Ali estava mais