carta ao novo ano

 
Querido 2023, 
que barra em? 
Que barra! 

Na tentativa de equilíbrio

em cima do muro ou na corda bamba,

me ralei. 


O vírus não foi mais assunto, 

A crise não foi mais desculpa,

A guerra continua banalizada 

E bons ventos ventilam Brasília.

Esmurrou doce.


Acelera

não perde

respira

corre.

1x, 1.5x ou 2x ? 


Entre quereres e a rotina compulsória

a vida continua valendo pouco

384,71 o barril de petróleo. 

Para alguns, 

a morte continua chegando mais cedo, 

antes da hora,

seja em Gaza, no Congo, ou aqui.

Malandramente me esquivo. 


O que não mata, fere.

O que não fere, engorda

como boi tratado para o abate.  


A guerra, 

a morte banalizada e a violência da desigualdade, 

tudo parece se atualizar, 

sim krenak, nós não saímos melhores da pandemia,

que fossa.


Entre ficções afetivas e relacionamentos tronchos 

sobraram os amores sem rumo, interrompidos.

A graça na desgraça é sobre gargalhar. 


O vigésimo quarto chega fervendo 

numa segunda-feira 

de esú e obaluaiê 

o que é pra ser, será

sem retorno.


A vaca segue magra e no brejo, não volta mais.

O fim é mentirinha,

como disse Nego Bispo, é começo meio e começo. 

Daqui, tento, sentado num rabo de foguete. 


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