alta voltagem
Aquele desejo de fazer,
aquele que você sai e faz com todas as suas forças,
mesmo sabendo que não deveria.
Que por motivos óbvios não deveria,
que por motivos lógicos não deveria,
mas faz
e faz com gosto, sem pesar.
Esse fazer que te atormenta na hora seguinte,
no dia seguinte,
que no mês seguinte você vai lembrar e dizer,
"puta que pariu que loucura foi aquela".
É quase uma alergia interna, que não tem como coçar e sanar,
a única forma de fazer passar é fazendo sem receios.
Aquele tesão latente,
ardente,
maluco
que te consome como esú sussurrando no ouvido dizendo "faça faça, faça, e faça agora''.
E você faz.
E se lambuza fazendo, se desprende da realidade e aproveita cada segundo dessa aventura paralela.
O momento se torna um evento na ansiosa cabeça de quem arrisca
sem dó ou soluço,
uma força que renova, mas que se bater errado enlouquece
força que dissolve a culpa,
que implode as lógicas pré-estabelecidas de bem e mal, de bom ou ruim, certo ou errado.
Um tiro sem mira rumo ao finito.
Força que acaba, que se esgota, mas que deixa resquícios em si,
e novamente aquece o desejo descontrolado de fazer de novo,
e de novo
e de novo.
Desejo da alma
que nem o corpo da conta da carga de alta voltagem que consome, contagia, contamina e explode
até o fim
até essa carne desaparecer em qualquer chama ou vala.
Comentários
Postar um comentário