dezesseis de março

não tinha noção do que seria estar aqui, a ação em si foi rápida, dolorida, mas são os outros acúmulos que me incomodam. a anestesia amorteceu a expectativa. 

catarina me encantou, nos conhecemos na noite passada quando seu inquieto e também recém operado pai foi transferido para o quarto, chinesa de taiwan residente no brasil, fala bem o português e conversa intensamente em mandarim o que me fez perder o sono várias vezes durante a noite. deitado esperava um café da manhã tão bom quanto o jantar de ontem. a cada gota de soro e dipirona pensava na linha tênue que é a vida. uma luz alaranjada entrava pela janela colorindo o quarto, morrer aqui deve ser deprimente e opaco. continuo sentindo aquele cheiro de corpo  do bloco cirúrgico, algo próximo de um frigorífico, horrível. com poucas dores me sinto minimamente confortável, catarina me oferece chá de maçã, tomo, recebo jaqueline e ganho altas. 


altas aventuras, delírios e dramas,

seguimos.


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