decolar um dois três milhas
com tudo pago e sem internet.
Já imaginou não ter que se preocupar com o estouro do cartão a cada cerveja virada no copo?
Quero um resort
em qualquer canto,
com praia ou sem,
no litoral ou na montanha,
no interior ou em alguma região metropolitana.
Mas tem que ter gente,
gente minimamente legal e interessante,
gente sincera.
Detesto lugar vazio,
meio chato ter que puxar assunto com os coitados dos funcionários, que sempre estão de saco cheio desses turistas insuportáveis, cheio de papo ruim, mostrando como está sendo um máximo estar no tal resort de férias e alegre.
Triste aqueles que precisam fazer o cliente se sentir feliz.
Desgosto.
Mas gosto de gente,
principalmente daquelas senhoras gordas, cheias de rugas, que gargalham alto e usam sapato ortopédico.
Também não quero conhecidos,
não quero aquele negócio de "ah, te conheço”,
não.
Quero cara nova, para gostar ou odiar,
Mas passados os 30 dias, não vejo mais.
Gosto de uma boa paisagem,
decoração coerente
sem réplicas chinesas de um Romero Britto piorado pendurado nas paredes
ou daquela natureza morta vendida em loja de 1,99
detesto lugar feio ou brega.
Também não quero trabalhar e pagar,
ou ganhar na loteria para pagar os 30 dias
nem dividir de 12 vezes na CVC
quero cair de paraquedas
sem desculpas, firulas ou seminários,
quero um voucher.
Que delícia pensar na comida,
cada refeição, um prato,
e nada de feijão congelado, arroz congelado, ovo engordurado, macarrão com molho pronto e salada murcha
ou aquele delivery para disfarçar a rotina enjoada.
No quarto?
Uma boa janela, ar condicionado bem regulado, e TV pegando aqueles canais bobos que ainda desconheço.
O quarto desses lugares parecem shoppings, são todos iguais independentes da localidade.
O padrão do padrão
eu gosto.
Gosto dos banheiros, dos sabonetes, dos cremes de pele e dos xampus,
levo tudo para casa,
mas deixo as toalhas e roupas de cama,
acho estranho lençol usado.
Pensei inicialmente resort,
agora, tenho dúvidas.
São 17h10,
em pé, observando meia dúzia de rostos pingando suor dentro desse 510 lotado,
penso na conversa alheia que escutei de que “resort é o nosso lugar ao lado do pai”
o pai no caso é deus,
então o resort é o tal do céu
se ir para o resort é tipo dar um reset (na vida)
penso que talvez seja melhor ficar onde está,
esse voucher gratuito caindo de paraquedas pode ter transporte só de ida.
A garota de mecha branca e óculos com armação torta desocupou o banco
vou tentar sentar,
sentei.
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